naperon

Duas boas amigas juntam-se para desarrumar os bibelots.

quarta-feira, outubro 26, 2005

Sabes que algo está errado quando...

...estás num sítio público, começa a ouvir-se o famoso "Morango do Nordeste" na sua enésima versão, e alguém amigo te diz "esta canção é a tua cara".

Oh Deus, alguém me acuda!

segunda-feira, outubro 24, 2005

Em síntese

"É isso o que quero dizer: aprendi a viver comigo próprio. E gosto."

Henry Miller, O mundo do sexo

Ser amigo é...

Beber duas cervejas ao fim do dia, numa esplanada com frio. É contares histórias, rires. É ficares sério e ouvires confidências. É não falares a mesma língua, mas falares a mesma linguagem. É não teres medo de tocar sem ser mal interpretado. É afirmar o amor sem pudor.

É dizer "és uma pessoa espectacular", é ouvi-lo sem se sentir enganado.

Há dias em que estou apaixonada pelos meus amigos. Há dias em que, por sentir que esse é um amor tão raro, dou graças por tê-los. Dias que se fecham. Dias que não anunciam o seu amanhã.


Hoje o meu amigo K pagou-me duas cervejas. E valeram ouro. Como ele.

Para fazer hoje alguém contente, seja eu

O FIM DE TUDO

No começo era o fim
agora ai de mim
era bom, era a sós
agora ai de nós
como é que se sai
do eterno ai
como é que se faz
pela paz
que é o nosso bem camuflado
dá-se aquela de emancipado
e some cada um p'ra seu lado
o perfeito casal
habitué da columa social
estrilhou, estrilhaçou
vá lá saber-se porquê
vá lá saber-se porquê
O fim de tudo
é um recomeço
e olha, eu bem que mereço
tratar bem do melhor em mim
No começo, a paixão
agora essa não
era tudo demais
agora é só ais
que é do amor que aparecia
tão cru na fotografia
que é do amor que se fez
não volta mais a ser feito
vai-se de coração ao peito
cortar pela vida a direito
coração trivial
a afundar em água doce, água e sal
estrilhou, estrilhaçou
vá lá saber-se porquê
vá lá saber-se porquê
O fim de tudo
é um recomeço
e olha, eu bem que mereço
tratar bem do melhor em mim
No começo é para sempre
agora há quem lembre
a promessa a preceito
de peito ao ar, mão no peito
pelo jeito da mão
ainda é talvez sim, talvez não
mas o fôlego falha-nos
quem nos acode
a parte esquerda do peito explode
e o coração que gire e que rode
O fim de tudo
é um recomeço
e olha, eu bem que mereço
tratar bem do melhor em mim



Sérgio Godinho (versão com clã, of course)

Estou pálida

e ando a falar em grunhidos há 24 horas, mas hoje não posso deixar de vos dar um grande bem haja.
Obrigada aos que celebraram o naperon connosco.

Uma palavra especial para a coragem destas meninas, que conseguiram quebrar os limites da blogosfera e arriscar uma nova abordagem.

E para a prima inês que conseguiu abrilhantar tudo com a sua varinha de condão.

(e mais pessoal, para os meus paizinhos que foram um verdadeiro brilharete)

sexta-feira, outubro 21, 2005

Can't touch me!

Pode chover!
Posso passar uma manhã na segurança social e ser atendida por uma cavaquista, que se auto-denominou "laranja"!
Pode estar um trânsito estúpido!
Podem pôr a minha boa amiga de molho!

Nada me afecta: o naperon faz um ano!

A minha prima disse-me de manhã, perante a minha boa disposição, que parecia que o meu filho fazia um ano. Ou então que era o meu aniversário... mas se fizesse 5 anos. Apesar de ser cáustica, achei que tinha razão. Agora vou fazer a dança da vitória.

De molho

A minha boa amiga sandera pode estar doentinha em casa, engripada e tentando evitar medicamentos, mas também sei que está muito feliz por este nosso aniversário.

Está aqui comigo, com o naperon e com vocês. E, após diversos contactos telefónicos, posso dizer-vos que está sensibilizada como eu (muito!) e agradece as vossas felicitações.

coisa mai linda

Houve uma coisa nova neste ano, essa é que é essa. Um motor, um baú, um sofá, um ringue, um disparate, uma coisa, um blog.

Iamos pela estrada fora e a coisa já estava a matutar. E tu, boa amiga, honra te seja feita, disseste naperon. Estava feito. Escolher template e mais nada. Não sei quantos dias passaram, mas sei que estávamos perto de Sta.Apolónia. Não faço ideia para onde iamos. Também não interessa, porque aí tivémos a ideia.

A ideia do naperon. Não nos interessava nada saber o que era um blog. Era o naperon, pronto. Duas boas amigas fazem um naperon. Com muita renda em que se enredam diariamente. E se a nossa vida dava uma série, por que raio não havia de dar um blog?

Para mim, o naperon foi crescendo, crescendo até mais não. Até se tornar uma comunidade ou uma coisa viva, pelo menos. Um tempo qualquer, muito mais que um espaço. E faz sentido é contigo, minha boa amiga Sandera do coração. Por que nas entrelinhas, tu sabias tudo, sempre soubeste. Por que tu eras, és, toda a gente sabe e repito, a minha boa amiga. Caraças, como nos divertimos e como nos exasperámos e como te repito até à exaustão postei. Como perdemos a cabeça algumas vezes, como duvidámos que afinal a internet fosse esse espaço de liberdade e como nos deixámos de importar. Até ficar isto. Hoje sinto que temos uma bela casa onde nos visitam. As nossas visitas não amachucam o naperon, antes o compõem. Hoje sinto-me em casa. E é contigo que a ponho de pé.

Não sei como é que este post começou. Em que direcção ia. Um ano de naperon é de cair para o lado. Mas principalmente é um ano de vida. Em que um blog passou a ser personagem, mas que continuamos nós a fazer a série. E a vida revelou-nos algo extraordinário neste último ano, boa amiga. Às duas, muitas vezes, de formas muito diferentes.

Por isso, este ano é nosso. Por isso, o brinde que fizermos hoje/amanhã será em primeira mão para a nossa bela e boa amizade. Mas, cá para mim, esse brinde será a ti.

One fucking year!

Ainda não estou em mim, boa amiga!
Um ano de naperon. Estamos de parabéns!

Vou reflectir sobre o assunto...

(e comemorar até mais não)

quinta-feira, outubro 20, 2005

Almoçarando XV - Cúmplices

Eu e a minha boa amiga estamos a andar no Vasco da Gama, a querer fugir, quando duas miúdas a rirem-se e a conversar passam por nós, em sentido contrário.

Sandera (com cara de messenger) - Huh, que feias!

Eu (com cara de vómito) - Huh e adolescentes!

Sandera (enjoada) - Yacks!

quarta-feira, outubro 19, 2005

Green wing

Há o seinfeld, bem sei, o saudoso sexo e a cidade (oh carrie, miranda, charlotte e samantha!), mas, agora, há o Green Wing. E não há nada a fazer, estou conquistada!
Nem sei bem como hei-de descrevê-la. Diria apenas que as personagens parecem todos o Kramer à inglesa, mas são como nós. Hoje, havia um Cristo que aparecia nas janelas do hospital, médicos à porrada, um falso enforcado, enfim um disparate pegado. Mas, estranhamente (será de mim?), tudo aquilo faz imenso sentido.
A série passa-se num hospital e o mais importante são os jogos na sala de operações (que variam entre um quizshow sobre música pop ou a adopção de sotaques do norte de Inglaterra) e a tensão sexual. Sim, a tensão sexual é fundamental. Estão todos trocados, todos a tentarem foder com as pessoas erradas, todos malucos, mas sem sorte nenhuma. Fazem tudo, tudo, mesmo tudo. São completamente chanfrados. Deus, são a minha cara!

Adoro o Green Wing. Nunca mais vejo outra coisa na vida. I'm hooked!

"como sentir a vida à la miller sem com isso gastar todo o nosso dinheiro e o dinheiro dos outros em alcool e putas" - Post de encomenda

Sem jogo.

Perdidos e achados

"Por que somos nós tão cheios de reserva? Por que não nos damos em todas as direcções? Será por medo de nos perdermos? Enquanto não nos perdermos deveras, não poderemos esperar encontrarmo-nos. Pertencemos ao mundo, e, para entrarmos plenamente no mundo, temos que começar por nos perdermos nele. O caminho para o céu passa pelo inferno, diz-se. Não importa o caminho que tomemos, desde que nos deixemos de cautelas ao avançar."

Henry Miller, O mundo do sexo

Dúvida ao sindicato

Será que se me pagassem para escrever para o Naperon, eu teria tanto empenho, tanta disponibilidade mental, tanta vontade, tanto tempo, tanta ponta, tanto amor?
Ou seria como é agora com o meu emprego?

Metáfora de ouro II

És como os brindes da minha família: vai acima, vai abaixo.
Brindes que culminam no para dentro.

terça-feira, outubro 18, 2005

Post a piscar o olho ao flirt VII

UM A UM

Eu não quero ganhar
Eu quero chegar junto
Sem perder
Eu quero um a um
Com você
No fundo
Não vê
Que eu só quero dar prazer
Me ensina a fazer
Canção com você
Em dois
Corpo a corpo
Me perder
Ganhar você
Muito além do tempo regulamentar
Esse jogo não vai acabar
É bom de se jogar
Nós dois
Um a um
Nós dois
Um a um
Nós dois
Um a um
Nós dois
Eu não quero ganhar
Eu quero chegar junto
Sem perder
Eu quero um a um
Com você
No fundo
Não vê
Que eu só quero dar prazer
Me ensina a fazer
Canção com você
Em duo
Pouco a pouco
Me perder
Ganhar você
Esse jogo não vai acabar
É bom de se jogar
Nós dois
Um a um
Nós dois
Um a um



Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte

Tensão instalada

Das duas, uma:
- ou os gatos do pátio se desejam loucamente e estão em preliminares sado-masoquistas;
- ou o gato está a levar um enxerto descomunal da gata (mais velha mais sabida) por se ter atrevido a saltar-lhe para cima.

É que não vos passa pela cabeça a esquerda da pata da frente daquela gata. É cada gancho! Temos dominatrix.

Gostamos mesmo da vida como ela é?

Quando foi a campanha de lançamento da nova imagem da tmn, havia mupis espalhados pela cidade com diversos post-it's. Eram azuis e tinham frases que começavam com "gostamos de...", para culminar no "gostamos da vida como ela é". A minha prima arranjou-me duas preciosidades: um "gostamos de gays" (mais vulgar) e um genuíno "gostamos de naperons". Colou-os no meu carro e por lá estão e estarão enquanto não cairem.

O que é certo é que estão bastante visíveis, do interior e do exterior do auto.

Já duas vezes tive a reacção de pessoas mais velhas que, com cara de messenger, me alertam para a possibilidade de algum gandulo, algum macho latino, alguma má pessoa me dê cabo do carro à conta disso. Eu faço sorriso amarelo e penso "os naperons terão esse efeito nas pessoas?".

Não o fazem por mal. De facto, preocupam-se e as intenções até são boas, mas o medo, o medo fala sempre mais alto.

Gostamos da hipocrisia, do preconceito, do medo? Gostamos mesmo da vida como ela é? Porque a vida tem esse lado, mesmo naqueles que mais gostamos e que até gostam do nosso naperon.

Sim, acho que gosto da vida, como ela é e quando é mais vida. Mas isso não quer dizer que deixe esse lado vencer. Por isso, se me quiserem partir o carro, olhem: "gostamos de carros partidos".

segunda-feira, outubro 17, 2005

Aos celibatários

Estreia daqui a quatro dias o filme que fui ver esta noite, no último dia da Festa do Cinema Francês, As Bonecas Russas.

É a continuação da "Residência Espanhola", mas isso não é importante. O que é importante é este filme. O Xavier tem agora 30 anos, ou vai a caminho disso, e está sozinho e, é claro, está todo partidinho por dentro*. Ou não tivesse um sonho de amor por concretizar, ou não fosse tão susceptível à beleza, ou não ansiasse da vida o mesmo que frustra nela. Muito ao nosso tom.

Sinto que a minha geração se define, entre outras coisas mais existenciais/sociais/ culturais/etc., por esta solidão. (Se coloco a palavra solidão em itálico é por uma questão de pudor, tentando manter as distâncias devidas dessa palavra tão pungente.) Uma solidão que se desdobra em desejo (sem itálico), insatisfação e procura. A caça está sempre presente, tentando disfarçar esse outro desejo, tão íntimo e tão (in)confessável, de encontrar o amor. De agarrá-lo, de mantê-lo perto. Esse outro desejo nascido da idealização, mas também, paradoxalmente, de um certo desencanto.

Podemos deixar de acreditar, mas nunca deixamos, é claro, de acreditar. Perseguimos a beleza, entregamo-nos ao desejo, deixamos as coisas passar, fugimos, tudo em contradição. A contradição fundamental que nos define. Queremos, mas temos medo. Arriscamos, mas somos cegos.

Aos celibatários, pois bem, e aos pouco castos no seu celibato principalmente. Àqueles que conheço e aos que não conheço. Àqueles que, como é dito mais ou menos no filme, pensam "andamos sempre à procura do amor. depois encontramos alguém e perguntamo-nos se é mesmo. e é só confusão. para quê? para quê o amor?". Porque, mesmo assim pensando em qualquer momento de desespero (alcoolizado ou não), a verdade é que sabem que ainda acreditam. Para eles, desejo toda a sorte, mas principalmente desejo uma boa escolha.



* Expressão criada e desenvolvida durante as férias do cadafaz, por um casal e um trio de celibatários.