Vida de cão
Na Graça, vivem três cães, à partida adoráveis e pequeninos, mas que no fundo são filhos do demo concebidos para me aterrorizar. Os cães, vizinhos de cima, às vezes estão dentro de casa, outras vezes estão no pátio em frente ao da minha casa. Ora, quando estão em casa, aquelas patinhas delicadas e queriduchas passeiam-se de um lado para o outro como se não houvesse amanhã, enlouquecendo-me a meio da noite. Às vezes também decidem ganir, ladrar, às 3 da manhã, fazendo com que a vizinha do outro lado da rua, chanfrada da cabeça, chame a polícia, armando um regabofe tal que me deixa catatónica durante algumas horas da madrugada. Quando estão no pátio, o cheiro infesta-me até aos miolos, provocando-me náuseas sobre-humanas. Tudo isto porque a sua adorável dona, minha vizinha, passa grandes temporadas fora, deixando os cães, ou ao relento ou na claustrofobia. Imagino o interior daquela casa como uma enorme pocilga. A ver pela quantidade de vezes que se lavam tapetes naquela casa, deixando-os pendurados, a casa deve ser apenas dos cães. Podíamos pensar: é uma boa dona, afinal ofereceu uma casa aos cães. O que eles ladram, o que eles ganem, o que eles uivam, não corrobora, infelizmente, essa teoria.
Na casa dos meus pais ao pé da Ericeira, vivem meia dúzia de cães como vizinhos. Esses não têm casa, apenas galinheiro. É verdade, aqueles cães, supostamente de caça, vivem num galinheiro. Os que aí não vivem, têm as suas próprias casotas e estão acorrentados sem grande espaço de manobra. Em todos estes anos, nunca vi os cães saírem dali. Pobres coitados, os cães ladram raivosos quando alguém passa. Os carros ficam ao seu lado e é sempre terrível a chegada, pois 6 cães a ladrarem histericamente não é a melhor recepção. O cheiro é semelhante aos dos cães da Graça, mas muito pior.
Há dias em que me apetece abater os cães. Mas embora sejam o objecto directo da minha raiva, sei bem que são apenas a expressão do carácter dos seus donos. Os pobres cães não têm culpa nenhuma. Falta-lhes condições e atenção. São tratados como bestas ou como bibelots girinhos para afagar de mês a mês. Estes donos, os meus estranhos vizinhos, não passam de uma anormal forma de ser humano. Chamam-lhe normalmente comportamento desumano. E, estranhamente, só é aplicável a humanos.
Com uma vida assim, a expressão vida de cão ganha um novo significado.
2 Comments:
At 6:55 da tarde, Bolila said…
Cães do demónio... só falta a Ana Margarida para falar do seu Matias / Diabo da Tasmânia.
Nas minhas férias tive um episódio idiota com cães... sim idiota, porque eu tenho pavor tal que me faz mudar de passeio e suar....
Estava aqui o Bolilinha descansadinho a ler o Expresso no meio do rio q vai dar à praia da Amoreira, sentadinho numa cadeira no meio da água (sim é verdade e tenho provas fotograficas)... quando me decidi levantar.... nisto este gentil homosapiens é violentamente atacado por dois cães idiotas. Não morderam só ladraram.... mas a verdade é que eu cai pra trás e fiquei com um expresso ensopado.... o Expresso de si é um jornal grande mas molhado... é ridiculo exprimentem um dia...
A dona era uma banana que passou a tarde toda a segurar os caes e manda-los calar... (rico dia de praia q ela teve)
Devo ter perdido o bronze todo em 5 segundos...
E este episodio só veio reforçar o que eu penso sobre os cães....... ESTÚPIDOS/ CALHAUS/ IDIOTAS
Mas confesso q já gosto de um cão em especial.... O Pantufa .... se bem qe tb me recebia a ladrar que nem um desalmado....mas agora ate gosto do gajo...
Já o mesmo n posso dizer do Gaspar e a sua fixação pela minha perna.... IDIOTA
Resumindo .... os animais são reflexo dos seus donos.... (se bem que nunca vi a Ana Margarida agarrada à perna de ninguém.....)
Se o ambiente em casa não é normal... os cães nao podem ser normais.... por isso malta....
Não sejam Cães!
At 11:56 da tarde, jctp said…
Mas como é possível não gostar de cães! Eles são simpáticos e inofensivos. Claro que há excepções. Mas normalmente são. É verdade que eu não resisto a um cão, e sempre que vejo algum tenho que me meter com ele. Até os acordo, coisa a que alguns não devem achar muita graça, eu bem vejo a cara deles - (sim, cara, não me venham com essa dos focinhos!). Também é verdade que eles normalmente não me ligam nenhuma, desviam a cara, continuam o seu trajecto, ou mudam mesmo de direcção. Mas eu não desisto. Eles um dia ainda me vão compreender.
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