naperon

Duas boas amigas juntam-se para desarrumar os bibelots.

terça-feira, julho 05, 2005

Em 90 segundos... ou menos!

Os livros de auto-ajuda devem estar a perder qualidade. Não que eu ache que algum dia tiveram. Mas hoje deparei-me com o seguinte título nas estantes da Bertrand Como fazer com que os outros gostem de si, completado com o sub-título em 90 segundos ou menos, e achei que tinham batido no fundo.

Primeiro: não é suposto os livros de auto-ajuda esmifrarem e sintetizarem os conceitos da psicologia, como a criação da auto-estima, a segurança, a autonomia? Não deveria o livro dizer como fazer para você gostar de si, que se danem os outros se não gostarem, azar o deles? Bom, pensei que sim. Mas afinal não. Os livros de auto-ajuda nem sequer já têm pretensões, a ideia é mesmo "DAMO-VOS O QUE QUEREM E PRECISAM PARA DEIXAREM DE SER ESSA MERDA QUE SÃO AGORA". Em 90 segundos ou menos.

Este livro baseia-se na arte de agradar os outros. Que bom princípio para a solidificação do nosso eu. Ainda pensei que eles prometessem que em 90 segundos punham todo o mundo á volta do leitor a gostar dele, mas não. A ideia é fazer com que as pessoas gostem de nós imediatamente, mal ponham os olhos em nós, ao fim de duas frases... com este livro, ficam logo todos fascinados. Em 90 segundos ou menos.

O pior vai ser quando passarem os 90 segundos e começarem a ver o verdadeiro eu que tanto os fascinou em um minuto e meio. Mas aí haverá outro título: como fazer os outros gostar de si ao fim de algumas horas, não estragando a primeira impressão causada.

3 Comments:

  • At 10:23 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    e tu, se tivesses que escrever um livro de auto-ajuda para ti e para os outros, como seria?
    seria o tal "como fazer para você gostar de si, que se danem os outros se não gostarem, azar o deles?"?
    e que instruções colocarias?

     
  • At 11:25 da manhã, Blogger ana vicente said…

    É uma boa provocação, sem dúvida.
    Mas, como deves calcular, pelo que foi dito, não escreveria nenhum livro de auto-ajuda.

    É a minha vida que tenho de endireitar, não a dos outros. E, claro, endireitar a minha significa não tentar endireitar as dos outros. Reconheço que é um péssimo hábito meu.

    Mas, se estivesse numa situação limite (por ex: tu chegavas ao pé de mim e apontavas-me uma pistola à cabeça e dizias-me que tinha de escrever um livro de auto-ajuda ou matavas-me), um livro de auto-ajuda meu seria algo do género MacGyver: como arranjar soluções de recurso em situações inesperadas. Seria vendido com um canivete suíço de oferta, ou melhor ainda era a oferta que vinha junto do canivete suíço.

    A instrução principal para gostar de si seria: se não gostas de ti, o que podes fazer para passar a gostar?. Respondido isso, diria faz. Demasiado vago, certo? Teria uma nota a recomendar: se persistirem os sintomas, por favor consulte um psicoterapeuta, porque todos precisamos de ajuda para arrancar.

     
  • At 3:04 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    gostei da resposta
    a ideia de chegar com uma pistola ao pé de ti e dizer "escreve ou mato-te" fez-me rir

    e a ideia de oferecer o livro de brinde na compra de canivete suiço é simplesmente genial! acho que podias dar a ideia a alguma fabrica de canivetes suiços que esteja a falir, e salvar o emprego a milhares!

    para mim a melhor solução de recurso que já me apontaram foi "respirar fundo"... tb gostei de uma que apareceu num episódio do coupling: inventar um "lugar seguro" e migrar para lá em alturas criticas. claro que isto soa a autismo...

    fica aqui um carinho para ti, porque todos precisamos.

     

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