Duas boas amigas juntam-se para desarrumar os bibelots.
segunda-feira, setembro 12, 2005
O poder do intelecto
Ontem, fui com uns amigos (novos e bons hábitos de domingo) ver este filme. No final, tecemos considerações acerca da fotografia, da realização, algumas teorias acerca da luta de classes presente no filme, Freud e a religião, as paisagens de Inglaterra, and so on.
Mas, no fundo, no fundo, estávamos éramos todos a pensar nas maravilhosas cenas de sexo.
(Para não nos julgarem púdicos, obviamente falámos sobre isso.)
Nem tantas assim, no entanto. Achei o filme on-going duma beleza assustadora. O final lixa-nos esse "bem-estar" com o malfadado conflito de classes.
Há uma cena que perdura para sempre na memória: quando elas estão a trocar palavras e quase-beijos com uma fogueira por trás, vendo-se apenas as sombras e contornos dos rostos. Absolutamente lindo.
Eu que até achava (embora sem grande convicção) a homossexualidade masculina mais "sexy" que a feminina, fiquei com as voltas trocadas naquela cena em que elas estão juntas na cama. A inocência também ajuda...
Tens toda a razão, não são tantas assim. Mas há aquelas sugestivas, como aquela no alto do monte, em que ficamos apenas com o fumo dos cigarros.
Diria que a representação gay masculina é mais sexual, mais dura e, por isso, num certo sentido mais potente. A feminina é mais sensual, mais redonda, mas se calhar por isso mais envolvente.
Gosto dessa tua frase, "fiquei com as voltas trocadas"...
No final, muitos filmes ficam em nossa mente apenas pelas insinuações sensuais, encantando-nos com a sugestividade sexual. E a homossexualidade feminina é bem mais sensual, envolvente, apreciável e bela! Como de resto, toda forma estética feminina é mais bela, completa e apreciável que as rudes formas masculinas... www.sabiosdesiao.blogspot.com
"Diria que a representação gay masculina é mais sexual, mais dura e, por isso, num certo sentido mais potente. A feminina é mais sensual, mais redonda, mas se calhar por isso mais envolvente."
Concordo, acho que apanhaste bem a diferenca. Embora entre os homens tambem seja envolvente, mas de uma forma mais animal, mais "bruta", digamos assim.
Uma coisa que sempre me perturba sao as traducoes dos titulos dos filmes. TOdos sabemos que sao muito dificeis. Mas de "My Summer of love" para "Amor de Verao" vai uma grande diferenca. Talvez "O meu Verao de amor" ou "Verao de amor" nao soassem tao bem, mas "AMor de Verao" parece retirar alguma dimensao 'a historia. No fundo, parece apenas focar no facto de aquela relacao ter sido estritamente "temporal" - encaixada num qualquer Verao - sem atender a que o que ela representa vai muito para alem disso. E dai que "Amor de Verao" seja pobre - parece quase sugerir um flirt de campos de ferias para adolescentes...
Sim, a tradução desvirtua muito o título original mesmo. My Summer of Love dá até um ar perene, do género aquele foi o meu (único?) verão com amor... A interpretação que fazes de "amor de verão" parece-me justa e adequada, algo passageiro e inconsequente.
Ana Vicente nasceu em Lisboa em 1977. É licenciada em Filosofia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Dramaturga desde 1997, é autora do texto do espetáculo “Rua de Dentro”, pelo Teatro O Bando, nomeado para “Melhor Texto Português representado” dos Prémios Autores de 2011 da Sociedade Portuguesa de Autores.
Colaborou com diversos criadores e grupos de Teatro, entre os quais Gustavo Vicente, Miguel Moreira e Susana Vidal.
É autora do livro Eubarratubarramim, editado em 2003 pela Ponta, Associação Cultural com o apoio do IPLB, sendo a sua primeira obra de ficção publicada.
Escreveu o conto Erropção para o primeiro número da Revista Base, em 2005.
in_temporal_2012 é a sua primeira publicação online.
6 Comments:
At 11:37 da tarde,
T. M. said…
Nem tantas assim, no entanto. Achei o filme on-going duma beleza assustadora. O final lixa-nos esse "bem-estar" com o malfadado conflito de classes.
Há uma cena que perdura para sempre na memória: quando elas estão a trocar palavras e quase-beijos com uma fogueira por trás, vendo-se apenas as sombras e contornos dos rostos. Absolutamente lindo.
Eu que até achava (embora sem grande convicção) a homossexualidade masculina mais "sexy" que a feminina, fiquei com as voltas trocadas naquela cena em que elas estão juntas na cama. A inocência também ajuda...
At 11:53 da manhã,
ana vicente said…
Tens toda a razão, não são tantas assim. Mas há aquelas sugestivas, como aquela no alto do monte, em que ficamos apenas com o fumo dos cigarros.
Diria que a representação gay masculina é mais sexual, mais dura e, por isso, num certo sentido mais potente. A feminina é mais sensual, mais redonda, mas se calhar por isso mais envolvente.
Gosto dessa tua frase, "fiquei com as voltas trocadas"...
At 8:31 da tarde,
sabios de siao said…
No final, muitos filmes ficam em nossa mente apenas pelas insinuações sensuais, encantando-nos com a sugestividade sexual.
E a homossexualidade feminina é bem mais sensual, envolvente, apreciável e bela! Como de resto, toda forma estética feminina é mais bela, completa e apreciável que as rudes formas masculinas...
www.sabiosdesiao.blogspot.com
At 2:28 da tarde,
T. M. said…
"Diria que a representação gay masculina é mais sexual, mais dura e, por isso, num certo sentido mais potente. A feminina é mais sensual, mais redonda, mas se calhar por isso mais envolvente."
Concordo, acho que apanhaste bem a diferenca. Embora entre os homens tambem seja envolvente, mas de uma forma mais animal, mais "bruta", digamos assim.
At 2:30 da tarde,
T. M. said…
Uma coisa que sempre me perturba sao as traducoes dos titulos dos filmes. TOdos sabemos que sao muito dificeis. Mas de "My Summer of love" para "Amor de Verao" vai uma grande diferenca. Talvez "O meu Verao de amor" ou "Verao de amor" nao soassem tao bem, mas "AMor de Verao" parece retirar alguma dimensao 'a historia. No fundo, parece apenas focar no facto de aquela relacao ter sido estritamente "temporal" - encaixada num qualquer Verao - sem atender a que o que ela representa vai muito para alem disso. E dai que "Amor de Verao" seja pobre - parece quase sugerir um flirt de campos de ferias para adolescentes...
At 3:01 da tarde,
ana vicente said…
Sim, a tradução desvirtua muito o título original mesmo. My Summer of Love dá até um ar perene, do género aquele foi o meu (único?) verão com amor... A interpretação que fazes de "amor de verão" parece-me justa e adequada, algo passageiro e inconsequente.
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