A TV
Embora agora tenha, a TV não me fazia falta. Mas a minha vida nem sempre foi assim.
Lembro-me da infância e das manhãs de fim-de-semana, sozinha no sofá, enquanto o resto da casa dormia, a ver desenhos animados. Depois fui crescendo e ficando na cama até mais tarde. Passei a TV para a tarde e para a noite. E sei como alguns momentos televisivos me marcaram. Havia os 3 Dukes, o Galáctica, o Quem sai aos seus, o Verão Azul, as Teias da Lei, aquela série em que a Sarah Jessica Parker era advogada bem longe do sexo e a cidade, mais tarde o MacGyver(?), até o Knight Ryder antes de ser dobrado, o precioso "Agora escolha", o Duarte e Companhia, o Zé Gato, já para não falar das telenovelas (oh Deus), foram tantos os que ficaram. Não sei se na altura percebia como aqueles momentos eram importantes, mas acho que sim, pois não queria nunca perder um episódio.
Fui crescendo e já bem adolescente decidi ser uma coleccionadora de VHS, agora inúteis. Aos sábados, marcava no guia do Expresso todos os bons filmes que tinha de gravar. Tenho de tudo, desde as comédias românticas com a Meg Ryan aos grandes clássicos como "E tudo o vento levou...", passando pelo cinema de autor como o Bergman, que só conseguia ver uma vez. Orgulhava-me mesmo era de ter quase todos os do Woody Allen (benditas Cinco noite, cinco filmes). Passei também pela fase MTV, em que gravava programas de música alternativa com muito grunge e onde descobri a PJ Harvey, Sonic Youth ou Breeders. Nunca mais ouvi nada disto. Contava para isso com a preciosa cumplicidade do meu irmão mais velho, que delegava em mim a responsabilidade de fazer o levantamento dos musts semanais. E a tragédia que era quando a programação não era cumprida (há coisas que nunca mudam): ver um filme a partir do meio ou chegar a cinco minutos do fim e a cassete acabar.
O que a TV nos diz não é verdade.
Mas a ficção é tão boa. Idade adulta coincide com sitcoms de eleição e séries dramáticas. Ellen, Dharma & Greg até Party of five, Causa Justa, Começar de Novo, Sete palmos de terra e no meio, é claro, Sexo e a Cidade. As britcoms também lá estão, mas interessam-me mais as séries sobre relações humanas, a minha única e verdadeira obsessão.
No meu currículo recente tenho também a "Operação Triunfo", que era uma espécie de ritual de domingo que partilhava com a família da minha antiga casa. Confesso que, ao contrário do "Agora Escolha", neste votava. E o "Saia Justa", no tempo em que a Rita Lee ainda lá estava. Grandes brasileiras.
O meu curriculum televisivo é forte. Consigo passar sem TV sem problemas, mas não sem ficção.
Recentemente não resisti em adquirir a primeira série completa do Começar de Novo (Once and Again) em DVD. Eu sei que está a dar na Sic Mulher todos os dias à meia-noite, mas que raio é uma grande série. Famílias, adolescentes, relações complicadas, actores excepcionais, a vida toda condensada... comovente! E ainda por cima dos mesmos autores dos Trintões (thirtysomething), outra grande série que, com 14, já julgava entender.
Anteontem, acabei a série do DVD. Fui logo à amazon procurar a segunda série e ainda não está disponível, como é possível?!
Ontem à meia-noite, estava sentadinha no sofá à espera de começar de novo. Os episódios já vão mais à frente, mas a verdade é que já vi aquilo tudo, com excepção de alguns dos episódios mais importantes. Fiquei tão contente por ter cabo e por existir um canal que dá as grandes séries em loop.
Não consigo passar sem ficção.
2 Comments:
At 1:22 da tarde, Anónimo said…
Um gajo sabe que já não é novo quando tem conversas do estilo Lembraste daquele Programa Estúpido Qualquer que Agora Passa no Cabo Como um Clássico.
Aí percebemos que o nosso futuro é ver o VH1 com uma camisa de flanela aos quadrados.
At 7:25 da tarde, Anónimo said…
e qd sabe de cor os nomes de tudo, mas n consegue perceber o q se passa na televisão hoje em dia.
tiago
(http://omelhoranjo.blogspot.com)
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