naperon

Duas boas amigas juntam-se para desarrumar os bibelots.

domingo, setembro 25, 2005

Tese, antítese e síntese de um Amor de Verão

Se tivesse tido um amor de Verão teria um beijo apaixonado para recordar hoje. Teria sido levada pela sua energia, elevada até ao céu, sem medo da queda. Se tivesse tido um amor de Verão teria feito das adversidades as minhas oportunidades. Hoje acreditaria que era só uma questão de tempo. Se tivesse tido um amor de Verão teria roubado cada hora nova que nos chegasse às mão. Estaria perdida, mas saberia o que esperar. Seria inconsequente para abraçar todas as consequências com alegria. Se tivesse tido um amor de Verão não me importaria com o fim do Verão. O Outono seria mais quente, mesmo numa cama vazia. Se tivesse tido um amor de Verão haveria um ar fresco para respirar. Estaria em pause, mas atenta ao que me fosse oferecido. Não teria escapado, estaria presa. Se tivesse tido um amor de Verão haveria um sorriso incontrolável que ninguém conseguiria evitar. Não haveria resistência ao sentir. Não haveria resistir. Não haveria tentação. Haveria Amor de Verão.

No entanto, se não tivesse havido um Amor de Verão não estaria a escrever este post. Não teria este vazio. Não estaria a ouvir estas canções em loop. Não vibraria de cada vez que o telemóvel vibra. Não me arrepiaria com a ideia de uma voz. Se não tivesse havido um Amor de Verão, não teria reparado só hoje que o Verão acabou. Estaria apenas chateada por vir trabalhar. Não teria tirado intencionalmente um determinado papel do bolso. Os gatos ainda estariam lá. Se não tivesse havido um Amor de Verão, não encontraria um sentido em tantas coincidências. Não andaria à caça de metáforas. Não estaria suspensa, pendurada, com a antecipação de um beijo apaixonado para recordar.

Não houve Amor de Verão.
Se tivesse tido um amor de Verão hoje estaria destroçada e não me sentiria assim, livre.

Além disso, o meu Amor nasce sempre no fim do Verão mas mantém-se forte até ao Inverno.

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