naperon

Duas boas amigas juntam-se para desarrumar os bibelots.

quarta-feira, setembro 21, 2005

O Eduardo e o Daniel

Esta noite, jantámos em família. Belo churrasco, bom vinho, uma Criança deliciosa, um casal que é um primor, até restos houve para os gatos vadios que nos adoptaram.
Após o jantar e depois da Criança ter dado aos gatos o nome de dois primos, a Criança foi para o pátio sondar os vizinhos.

Temos uma família africana a viver ao nosso lado, com dois miúdos pequenos e kuduro durante o fim-de-semana todo e, às vezes, à noite em momentos inusitados. Hoje a Criança finalmente falou com eles. Toca de começar a palrar, como é que te chamas, que idade tens, etc. etc. Grande animação. Nós, os adultos, lá nos pusémos a arrumar a cozinha, que é coisa de gente séria que não se mete com os vizinhos. Passado uns instantes, lá chega a Criança a correr e mais alguém corre atrás dela. Quem? Ah pois, o Eduardo, o mais velho dos dois irmãos que saltou a cerca sem problemas aparentes.
Digo-lhe olá e eles correm para o quarto da Criança, que por acaso também é, numa parte, meu e mostra lá os teus brinquedos e olha este e aqui estão os bonecos. Nós, atónitos, sorrindo perante tal esplendor. Lá nos lembramos do mais pequeno, o Daniel. Então, o teu irmão? Não quer vir? Fomos ao pátio e lá estava o pequenote a espreitar, mas sem conseguir passar a cerca de dois metros. Queres vir? Não consegues? Ó JP, chega aqui para puxar o miúdo. Já está o miúdo deste lado quando nos lembramos da mãe. Avisaram a vossa mãe? Oh, responde o Eduardo, pelos vistos achando impertinente a minha observação. Lá aparece a senhora e eu rio-me e digo, entre frinchas, eles já vão, é só um bocadinho. E correm eles pela casa sem parar, carros para um lado, bonecos para o outro, gritaria q.b., televisão a ser ligada, eu a rir-me e a minha prima a lavar louça e o JP a prever uma noite agitada para nós, antes de sair para ir trabalhar.

15 minutos nisto e nós realmente deslumbradas. Eu estava maravilhada com tanta animação, com tanta confiança e dádiva, com tanta capacidade para "invadir" assim a casa dos outros, com tanta disponibilidade para convidar à entrada, anda cá ver os meus brinquedos. Se nos fosse tão fácil fazer amigos, diz a minha prima. Ah pois.

Passado o tempo legal - que amanhã é dia de escola e a Criança tem de dormir - lá lhes disse, olhem, Eduardo e Daniel, está na hora e lá iam eles a correr de imediato para o pátio. Não, eu levo-vos pela frente. E lá fomos os quatro, porque a Criança fez, e muito bem, questão de acompanhá-los, saindo à rua para voltar a entrar no prédio ao lado, dizer boa noite, cumprimentar a vizinha e prometer novas aventuras. Voltámos e ainda se despediram no pátio, desejando para breve novo encontro.

O Eduardo e o Daniel são os meus vizinhos e agora são amigos da Criança. Bons amigos, daqueles que se fazem num instante.

4 Comments:

  • At 12:49 da manhã, Blogger Bicicleta said…

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    isso é que é trabalhar!
    Se eu digerisse o jantar com tanta facilidade já estaria quase a voltar para casa.
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    cá fica um (primeiro?) comentário naperónico, a ver se tenho direito a participar no tal encontro.

    JP,
    e viva a vizinhança!

     
  • At 8:17 da manhã, Blogger ana said…

    que bonito!
    a tua criança é linda de livre!

    à pala de intercâmbios tás aqui tás uma mestre de kuduro!

     
  • At 10:18 da manhã, Blogger ana vicente said…

    Ah, grande homem, bem hajas!
    grande alegria que me dás ao participares com as tuas pedaladas. Bem vindo, camisola amarela!

    bom, ana, mestre de kuduro, não sei, mas gostava que o intercâmbio desse para eu de vez em quando também poder pôr uma musiquinha.

    e, sim, é linda e livre e linda de livre!

     
  • At 3:55 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Ser criança é realmente muito honesto, muito imediato. Acho que só mesmo na fase adulta é que começamos a pedir aos amigos aquilo que eles não nos podem dar em vez de nos deslumbrarmos/contentarmos/sorrirmos com aquilo que realmente podem. Mas a relação adulta com a amizade já se sabe que é duma exigência desmedida e muito sinceramente bem menos interessante que o comportamento das crianças.

    Estas histórias de crianças são definitivamente a minha parte preferida do naperon. Agora que a festa se aproxima e que as preferências vão ter de vir ao de cima, ah pois JP pensavas que era só chegar, comentar e party?! Não é assim tão simples, ou não fossemos nós adultas exigentes dos seus amigos!!!


    Sandera

     

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