O espírito de Natal
Gosto dos excessos do Natal. Mesmo no consumismo. Como dizia uma pessoa sábia, os portugueses costumam dar comida para mostrar que gostam de alguém. É mais fácil encher um saco de chouriços do que dizer "gosto muito de ti", já para nem falar do mais difícil "amo-te". As prendas também são assim.
Gosto das pessoas todas juntas. Dos amigos que se juntam e trocam prendas de 2 euros e meio. Das festas com Karaoke com prendas a 5 euros.
Gosto do bacalhau. Gosto da "Música no coração".
Gosto das horas que ficamos fechados numa casa sentados à mesa e depois no sofá. Gosto de me lembrar das pessoas que já não estão cá. Gosto de sentir saudades desse tempo. Gosto de ficar comovida.
Gosto das crianças. E principalmente de uma que revolucionou os meus natais.
Gosto de todas as prendas, até aquelas que odeio. Gosto de prendas repetidas, as que dou e as que recebo. As que dou, porque quero partilhar algo muito meu. As que recebo, porque quer dizer que há algo que evidentemente quero e as pessoas sabem.
Gosto de ficar farta do Natal e depois perceber que está quase a acabar e ficar triste. Gosto do facto do Natal da vida adulta começar muito mais cedo, durar muito mais tempo e ser muito menos intenso, mas com mais vinho.
Gosto da família e da familiaridade. Gosto das piadas repetidas até à exaustão. Gosto de não gostar de Bolo-Rei. Gosto de azevias.
Gosto das decorações de Natal. E principalmente gosto do Natal por ser Natal e ter amigos e uma família que amo.
Gosto do Natal porque gosto de ouvir Bom Natal nas lojas. Gosto do Natal porque digo Bom Natal e desejo-o de facto.
Bom Natal àqueles que nos lêem. Bom Natal a todos os que amo.
1 Comments:
At 4:44 da tarde, Anónimo said…
Apesar de não partilhar o mesmo fulgor pelo natal, é bom ler um texto com tantas coisas positivas, com a palavra GOSTO tantas vezes repetida.
É bom sentir esse amor pelas coisas simples que o seu natal lhe proporciona.
É pena que cada vez mais esses bons sentimentos venham á tona apenas no natal (e não falo directamente de si, falo de uma maneira geral).
É também curioso que uma época de partilha e altruísmo, alimente tanto egoísmo e egocentrismo (consumista ou não).
Um último comentário Ana, repare na forma como falou da entrega das prendas; a Ana diz que quando oferece uma prenda a alguém é porque tem algo de muito especial a partilhar com essa pessoa -parece-me muito bonito- mas no seguimento diz que; quando alguém lhe oferece uma prenda é porque é evidente que existe algo que a Ana quer muito.
Não lhe parece uma visão muito unívoca da partilha de prendas? Arrisco-me a dizer que não vi outra pessoa nesse processo a não ser você.
No natal saltar as prendas, e arriscar conversas íntimas com familiares que não vê há muito tempo, também é um desporto saudável e enriquecedor.
(há, e verá que assim talvez a consigam realmente surpreender com um presente, no natal seguinte)
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