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Duas boas amigas juntam-se para desarrumar os bibelots.

quarta-feira, março 02, 2005

Cínica ou simplesmente canina?

Ando a desenvolver um perfil, talvez uma atitude não sei que nome dar-lhe, de distância (não é sobranceria, juro) em relação aos afectos do outro, o próximo, a pessoa que não eu, o resto da malta, mas também em relação aos meus.

É uma coisa quase cândida, ao mesmo tempo que é lúcida e constante. Parece que "vejo com outros olhos", é isso (obrigada, Variações pela tua presença junto de nós, Humanos). Tudo me parece real, tangível, mas não me sensibiliza como dantes. Não me sinto desconfiada do mundo, nem um passo atrás, mas nada dá o passo à frente.

Principalmente as coisas do amor. As coisas do amor tocam-me e não me deixaram de tocar. Mas já não se prendem a mim. Já dou por mim menos dramática a dizer frases banais acerca de um assunto tão pouco banal. O amor está mais real.

"A culpa é da vontade", não resisti. Não, a culpa é dos meus olhos que se abriram num ângulo novo, que nunca tinha visto.

Quando alguém perto de mim sofre de amor, quase sorrio, não por desdém ou sadismo, mas porque reconheço a vida nesse sofrimento. É como se a pujança da vida se reflectisse em pleno no sofrimento, inclusive no meu. Especialmente no meu (o do passado, pois não tenho sofrido muito). Sei que este é um sentimento muito cristão à luz católica. Sorrio, porque vejo a vida e, embora esteja solidária, sinto que aquele sofrimento é só dessa pessoa que está a sofrer e que, mais cedo ou mais tarde, vai trazer-lhe coisas boas.

É fácil falar... mas nem sempre é. Por isso quero aproveitar.

Sinto-me um alvo fácil de desprezo para todos os que sofrem. Mas é por isso o título.

Cínico (segundo http://www.priberam.pt/)

do Gr. kynikós, relativo ao cão
adj.,
respeitante ao cão;
canino;
fig.,
imprudente;
desavergonhado;
descarado;
impassível;
ant.,
pertencente a uma seita de filósofos gregos que desprezavam as fórmulas e conveniências sociais.

Vá, chamem-me cadela! Cadela descarada.

4 Comments:

  • At 5:33 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Cá a mim, estais-me mais a parecer um banco rústico de três pés usado pelos trabalhadores rurais nas lides dos campos.

    *

    cadela

    s. f., Zool.,
    fêmea do cão;

    cachorra;
    mulher maldosa;
    mulher mal comportada;

    Alentejo,
    banco rústico de três pés usado pelos trabalhadores rurais nas lides dos campos.

    (http://www.priberam.pt)

     
  • At 5:41 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Conselho: arranj um dicionário melhor.

    Em Inglês, o Merriam-Webster diz-me de cynic:

    1 capitalized: an adherent of an ancient Greek school of philosophers who held the view that virtue is the only good and that its essence lies in self-control and independence
    2 : a faultfinding captious critic; especially : one who believes that human conduct is motivated wholly by self-interest

    que me parece muito melhor definição de cínico.

    luispedro
    ps: Posso-te chamar muita coisa, mas cínica nunca me pareceste.

     
  • At 3:21 da tarde, Blogger ana vicente said…

    Pronto, vou a outra referência musical. Talvez uma "optimista céptica", ao estilo do novo disco do jorge palma (não sou grande fã, mas não desgosto).

    Mas definitivamente quero ser cadela no sentido alentejano. Obrigada, j.c.t.p. (quem és tu?, gosto do teu blog!).

    No Merriam-Webster, não ia saber que sou um banco rústico de 3 pernas, luís... mas obrigada também pelo contributo.

     
  • At 7:29 da manhã, Blogger Drift Financial Services said…

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