É a Páscoa, Senhor?
Passo a explicar. Embora o Cardeal considere que o acto de receber a comunhão (para os que não estão a ver, penso que é a hóstia que dão na missa, ou se quisermos ser mais específicos é a recepção do sacramento na Eucaristia) passa pela consciência de cada crente, também diz que em certos casos, em que "a situação de pecado é pública", deve ser negada ao crente. Ah pois, porque nesses casos, há uma "profanação pública da santidade desse sacramento".
E nós perguntamo-nos: mas o que é o pecado? Será que encontraremos a resposta na Bíblia? Penso que sim, num certo sentido. Ou será nos escritos papais? Deve ser, provavelmente. Esse pecado público será pecado por decisão pública, por referendo local, por decisão da comunidade? Que pecado é esse de que fala D. Policarpo? Que público estará disposto a revogá-lo ou a validá-lo? O público que, em segredo de forma menos pública, comete os seus pecados? Lembro-me da ovelha tresmalhada e não percebo porque foi Jesus atrás dela.
Peço perdão àqueles que são mais dotados de conhecimento eclesiástico se estiver a ser claramente (ou deveria dizer publicamente?) herege. Não é, de facto, o meu forte. Apoio-me na memória e em senso comum para traçar um evangelho suficientemente digno. Mas apelo à vossa compreensão e caridade.
Um pouco mais à frente no jornal tenho a resposta às perguntas. Na pág.39 está um anúncio (publicidade) de "Um grupo de cidadãos empenhados na defesa da vida" a dar os Parabéns ao Papa João Paulo II, no "10º aniversário da encíclica O Evangelho da Vida". Neste anúncio público, estão uma série de citações dessa encíclica (uma carta postular pontifícia) em que, lá está, o nosso moribundo Papa defende o valor da vida e aponta o dedo àqueles que defendem a legalização do aborto.
Quantos de nós fomos expulsos da Igreja à porta? Expulsos pela nossa consciência por não conseguirmos entrar num local que, é bem claro, não nos quer lá. Eu própria tive de sair da missa de 7ª dia pela alma do meu avô, num bairro em que publicamente não há pecado, quando o padre decidiu introduzir o tema do aborto na cerimónia. Quantos poderiam encontrar uma paz qualquer, quantos desejariam encontrá-la, se assim não fosse? Em nome de Deus, continuam-se a cometer estes crimes: a exclusão dos pecadores, a propagação da sida, a culpa de tantas e tantas gerações.
E é a Páscoa, por fim.
Boa Páscoa, portanto, com coelhos felizes e ovos recheados.
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