Graças a Deus esse tempo passou
Estão a ver os carrinhos de bebé? Aqueles em que a criança já não é bem, bem bebé e, por isso, já não está virado para quem o conduz. Está virado para o mundo, para a frente.
Já há algum tempo que não tenho de lidar com a condução desse veículo, mas hoje deu-me uma reminiscência ao ver da janela uma mulher a empurrar o carrinho a uma velocidade excessiva. Foi difícil voltar a sentir aquelas coisas todas. A confusão, o desnorte emocional... O paradoxo: tu queres que a criança veja o mundo, mas, Deus, como tu queres ver a criança!!! Poder sorrir para o infante, falar sem gritar, saber se está a dormir, se não se está a babar, se está a chorar em silêncio... Há muitas coisas que estão mal nesses carrinhos de bebé. Por um lado, queres conduzi-los, pela sensação de controlo e segurança (eu é que sou a boa condutora - sim, demoro 10 minutos a chegar a qualquer lado). Por outro, queres ser a pessoa que vai ao lado, toda torta e curvada a falar com a criança, acompanhando cada gesto e cada abanar de cabeça.
Quando se vai sozinho, pode ir-se o tempo todo a falar, enquanto a criança dorme com o pescoço todo torto a cabecear no ar. E tu ali, radiante, expondo o sentido da vida e como a natureza muda e as pessoas...
Depois há aquela coisa de ver as outras crianças em sítios públicos, sentadas nos seus carrinhos, expulsas do mundo adulto de quem está com elas. Não resisto a essas crianças. Ponho-me logo a sorrir, a piscar o olho, a fazer caretas. Oh, adultos tontos.
Hoje, fiquei aliviada disso já não ser para mim, empurrar o carrinho com o bebé invisível. Agora, vamos de mão dada e nunca perco a percepção do que está a acontecer.
2 Comments:
At 9:37 da tarde, Anónimo said…
Sei o que é ter que andar com um carrinho de bébé, com o mesmo virado para a frente. Sei como isso nos pode distanciar do mesmo e a tendência de nos debruçarmos para vigiá-lo não nos deixa apreciar a viagem.
Sei como é bom andar de bicicleta e sentir o vento na cara, como é bom ir na proa do cacilheiro com o rio a passar por nós.Como é bom ter o mundo pela frente e podermos inspirar a paisagem. Sei por isso que essa é,defenitivamente, a melhor posição para o bébé (pois claro).
At 1:41 da tarde, Anónimo said…
Eu larguei as mãos muito cedo!!! Não sei se era uma angústia ou um orgulho paternal mas mal comecei a andar por mim mesma não queria mão na mão!! QUERIA MÃO NO CHÃO!! Percorria passeios a fezer rodas e mais rodas e mais rodas!!! Alucinante! O pior que ainda hoje sinto o bichinho das rodas e rodadas em mim... Mas restrinjo-me aos passeios na praia... e de preferência no Inverno sem mta gente por perto!
No outro dia vi um site com uns carrinhos de bébé geniais nos quais o bébé ficava MESMO sentado, ou seja de frente para o mundo e não meio sentado e meio deitado (é claro que dava para recostar). Achei que eram perfeitos e pensei logo que quando precisasse queria um daqueles... mas agora já não sei... não resolviam o problema que enunciaste... ops...
a.m.
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