naperon

Duas boas amigas juntam-se para desarrumar os bibelots.

quinta-feira, março 17, 2005

Um grande e imenso urinol ao seu dispor

Eu até compreendo. Há uma facilidade qualquer que impele àquilo. Está mesmo à mão, é fácil, cantos e paredes não faltam em Lisboa e pelo resto do país. Está-se aflito, puxa-se da pila e toca de urinar. Vê-se a toda a hora em qualquer lugar, velhos, novos, sóbrios, bêbados. Sempre com aquela atitude, estou encostado à parede, estou a mijar na via pública e então?

Ontem vi um enquanto passava de carro a mijar para a parede da estação de Sta.Apolónia. Lá dentro, há wc's. Para quê?

Eu percebo, é fácil. Tem um carácter lúdico. Mas não cheira bem, cheira ao que é, Lisboa já não vai na cantiga (não cheira bem nas bordas e cantos) e em vez de cidade branca, é uma cidade meio amarela tipo cor de mijo.

Estou cansada de virar a cara. De apertar o nariz.

No filme "Amigos de Alex" (The big chill), há uma cena em que o Kevin Kline e o Jeff Goldblum passeiam pelo campo e este último diz que o campo é uma espécie de urinol gigante. É verdade, eu compreendo isso. Em quantas viagens, no tempo das estradas nacionais e secundárias, eu e o meu irmão pedíamos aos nossos pais para parar e lá íamos fazer o que é suposto? O friozinho até era agradável, confesso.

Enquanto mulher adulta, acho que a qualquer rapazinho deve saber bem apontar para a terra, para a árvore e sentir-se macho, na estrita acepção da palavra. Eu própria estimularei isso na criança quando estivermos em pleno urinol gigante, onde a natureza suplanta qualquer ambientador de casa-de-banho.

Mas esta é a nossa cidade, o nosso país. Já não aguento vê-los de costas encostados às paredes da minha cidade. Aguentem... E pensem bem, se nós gajas começássemos a fazer o mesmo naqueles dias difíceis...

6 Comments:

  • At 2:26 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Isto é um problema de polícia, não de educação.

     
  • At 2:58 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Para o Luis Pedro:

    "Educar é sempre torcer, podar, cortar, contrariar, esmagar!" (Oliveira Salazar)

    Se calhar terias sido mais feliz nessa altura!

    gv

     
  • At 3:27 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Não é para se saber que não se faz xixi na rua que é preciso polícia. Toda a gente sabe isso.

    É para não fazer xixi na rua, sabendo que não se faz.

    (E não vou responder a insultos)

     
  • At 10:56 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Calma minha boa gente!

    É óbvio que é uma questão de educação. Nunca existirá policia suficiente para conseguir domar um selvagem. Ver o mundo aos quadradinhos não educa ninguém, só por si. Bem, muda um pouco a visão que se tem do mundo, é verdade!

    Mas nunca ouviram a expressão: "Onde mija um português, mijam logo dois ou três!" ?

    Aí está!
    Esta expressão, de grande sabedoria popular, realça a mentalidade atrasada de um povo em termos de comportamento social e de consciência do outro. O povo normalmente critica-se e define-se si próprio nos provérbios que cria.

    Já alguma vez ouviram falar de um sueco a mijar em plena rua? NUNCA!
    Os suecos preferem desenvolver um cancro na próstata a sujarem o espaço comum!
    Povo evoluído o sueco!

    Mas falando mais a sério, mijar na rua de uma cidade, é mesmo chato e enervante. Se compararmos o mijar num urinol público ou numa casa de banho de café (existem às dezenas por aí) e o mijar na rua, eu escolho o mijar numa casa de banho de um café:

    1- O stress em encontrar uma parede, uma árvore, um lugar que seja o suficientemente discreto.

    2- Depois, ao verter as águas, estar sempre atento, à nossa esquerda e à nossa direita, não vá aproximar-se alguém... isto já sem falar na rectaguarda. Mijar na rua é como levantar dinheiro no multibanco. Nunca se sabe se estará alguém a olhar para nós e a planear algo...

    3- Os pingos! Os pingos meus amigos!! Os pingos nas calças, os pingos nas mãos!(Não é preciso dizer mais nada).

    O ridículo e o inevitável:
    Uma vez vi um homenzinho a mijar contra um poste, o sr. estava mesmo stressado, é que estava num sitio que não era propriamente reservado, passavam muitas pessoas, talvez na altura em que se decidiu pelo acto, o sítio parecesse o mais indicado, mas naquele momento era hora de ponta! Pura e dura!
    O sr. tinha uma perna em cada lado do poste e espreitava ora para a esquerda, ora para a direita, de uma maneira pausada e aparentemente calma a sua cabecinha revelava-se como um radar camuflado atrás de um míssil. Um fio de um líquido descia languidamente do poste e deste contornava os seus sapatinhos bem engraxados, o chão tornava-se mais escuro à sua volta enquanto o ritual prosseguia. As pessoas olhavam e afastavam-se uns míseros centímetros do seu trajecto normal, mas muuuuito discretamente, como que dizendo:

    - Por ali cheira mal. Mas não vou dar nas vistas e admitir que estou a ver um reformado portuga a mijar contra um poste em plena hora de ponta. Faço aqui um apequena curva...ui...já está, desta já me safei,, agora vou para casa jantar e nunca mais penso nisto...

    O ridículo:

    É que nesta situação o homenzinho tentava desesperamente disfarçar e tornar uma situação claramente embaraçosa para todos os participantes na cena num acto rotineiro.
    É que naquela situação podemos simular o quê para disfarçar?
    Fazer de conta que estamos a segurar num poste de 10 metros de altura, para ver quanto é que ele pesa na realidade, por causa de uma aposta com os amigos? E o fio de água a escorrer? Como se disfarça isso? E o apertar da braguilha depois? É demasiado característico, aquele movimento de braços seguido do movimento vertical da anca. Embora se possa saltar a parte do sacudir e optarmos por ficar com as cuecas ou boxers mais cheirosos e húmidos... enfim. Um stress meus amigos, um STRESS!
    Só faltava assobiar para o lado. Senti o desespero do homenzinho. Coitadinho... Mais do que a prisão lhe podia dar, ou uma multa lhe podia retirar à sua reforma já de si magra, teve ali uma lição do que não deveria fazer da próxima vez.

    O inevitável:
    Demasiadas variáveis aqui. Talvez o sr. tivesse mesmo de verter as águas ali. MESMO! Talvez tivesse alguma doença, etc, etc. Não se pode julgar assim de repente um mijador de rua. É necessário contar com as variáveis.


    p.s. Até o próprio Doutor Oliveira Salazar mijava na rua. Bem...tinha um quintal privativo onde ia sempre mijar, para apanhar fresquinho e arejar.
    À boa maneira Lusa.

    Porque a tradição é algo a manter.
    Ouvi eu uma vez da boca de um cidadão de Barrancos.

    pedro

     
  • At 4:58 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Neste tipo de discussão também muitas vezes dou o exemplo da Suécia.

    No Norte da Europa, o Estado tem um grande aparato controlador e repressivo. Demasiado grande, na minha opinião. Mas lá que são civilizados, lá isso são. Estas questões estão ligadas e há equilibrios que é preciso procurar.

    Not being nice to your fellow neighbour has consequences. dizia numa casa de banho em singapura. Perfeitamente limpa. Conta quem lá esteve

     
  • At 2:09 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Eu ponho a situaçõa em termos muito claros e objectivos: Se a mulher aguenta e procura um local próprio, o homem também tem que o fazer!!! Definitivamente! Se a mulher muda de rota só para passar no café ou no centro comercial (onde facilmente usamos a casa de banho sem ficarmos com cara de parva e pedir uma pastilha) o homem também tem que desviar caminho e aprender os truques!! ODEIO ver homenzinhos encostados às paredes e aos postes!!! ODEIO

    a.m

     

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