Ataques de estranheza
No outro dia isso aconteceu. Mas só percebi o que era quando voltava para casa e ouvia o "Radar 20 anos", um programa da Radar que só passa música dos anos 80. Passou uma versão do original dos Doors "People are strange", dos Echo & The Bunnymen. A ouvir aquela música, tantas vezes ouvida no original durante a minha adolescência, percebi. Há momentos em que as pessoas nos parecem estranhas exclusivamente porque nos sentimos estranhos. Há momentos em que o nosso olhar muda de repente, num clique, e olhamos para as pessoas na sua "monstruosidade" humana, com tudo de bom e de mau que isso tem. Mas no fundo somos nós que ficamos estranhos. Nesses momentos, queremos simplesmente alguém que nos lembre a casa. A família. Eu desejei estar com quem me faz feliz de uma forma simples. Isso seria tranquilo, familiar e muito pouco estranho.
A música que passou a seguir foi o "She drives me crazy" dos Fine Young Cannibals e, pronto, a estranheza passou. Afinal, as coisas são bem simples. Há sempre alguém que nos põe possessos e nós até gostamos da sua "estranheza".
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