naperon

Duas boas amigas juntam-se para desarrumar os bibelots.

terça-feira, março 08, 2005

Ataques de estranheza

Há momentos em que as pessoas à minha volta, mesmo as mais familiares, me parecem estranhas. Quando isso acontece, não acontece com as pessoas todas ao mesmo tempo. Acontece só com algumas e nem sei bem qual é o critério. Às vezes é simplesmente neura, impaciência, desgaste. Mas há momentos em que é mesmo estranheza.

No outro dia isso aconteceu. Mas só percebi o que era quando voltava para casa e ouvia o "Radar 20 anos", um programa da Radar que só passa música dos anos 80. Passou uma versão do original dos Doors "People are strange", dos Echo & The Bunnymen. A ouvir aquela música, tantas vezes ouvida no original durante a minha adolescência, percebi. Há momentos em que as pessoas nos parecem estranhas exclusivamente porque nos sentimos estranhos. Há momentos em que o nosso olhar muda de repente, num clique, e olhamos para as pessoas na sua "monstruosidade" humana, com tudo de bom e de mau que isso tem. Mas no fundo somos nós que ficamos estranhos. Nesses momentos, queremos simplesmente alguém que nos lembre a casa. A família. Eu desejei estar com quem me faz feliz de uma forma simples. Isso seria tranquilo, familiar e muito pouco estranho.

A música que passou a seguir foi o "She drives me crazy" dos Fine Young Cannibals e, pronto, a estranheza passou. Afinal, as coisas são bem simples. Há sempre alguém que nos põe possessos e nós até gostamos da sua "estranheza".