A desculpa do sentir
Esta nossa geração, cheia de problemas emocionais estruturais, cheia de sonhos por concretizar, ideais de amor impossível, repleta de complexos de culpa, baixa auto-estima, usa muito a palavra sentir. As emoções toldam-nos a visão, mas parecemo-nos orgulhar disso. Como se fosse algo de especial: sentir.
Estou farta de ouvir essa desculpa. Se começassem a pensar, era fixe. A usar o racional, o pensamento, a lógica... enfim.
Desculpem lá, é o que estou a sentir.
7 Comments:
At 12:56 da tarde, Anónimo said…
hmmm... tou mesmo a ver a daqui a uns meses a crescer uma orelhas pontiagudas e cumprimentar o pessoa com \\// e mudares o nome para Spok! =D
At 4:23 da tarde, ana said…
como caso específico das pessoas que "estão a sentir" são aquelas que, infelizmente, estão deprimidas. sentem algo muito denso. tenho sofrido um bocado com as depressões alheias. primeiro pq é uma merda a impotência perante a tristeza dos amigos. depois pq de vez em quando algumas pessoas deprimidas se permitem uma crueldade superior ao que se permitiriam se não tivessem deprimidas.
no início pensava "coitada", depois pensei "puta que a pariu" e passei a afrontar a pessoa deprimida com a sua crueldade. funcionou! às vezes as pessoas precisam de sentir os limites dos outros.
At 7:29 da tarde, Anónimo said…
então deixo duas coisas:
"Só se pode ajudar quem quer ser ajudado!" - Por muito que queiras ajudar alguem, se esse alguem quiser continuar na sua depressão, nada poderás fazer.
"3 disciplos de buda vieram ter com ele. Com um 4 sempre a assitir, cada disciplo perguntou a a buda, «Deus existe?». Ao 1º respondeu que sim, ao 2º disse que não e ao 3º respondeu talvez. O 4 disciplo ao ver a difrença de respostas perguntou a buda, "Pq é que à mesma pergunta deste 3 respostas dieferentes" a que Buda respondeu, "Porque cada um deles tem o seu caminho para chegar até Deus, um pela afirmação, outro pela negação, e o ultimo pela duvida". - i.e. o confrontar pode ser bom se esse for o caminho para as pessoas "curarem" essa depressão. Tanto pode ser pelo caminho do confronto, como poderá ser outro.
E não... afinal axo que ainda vais demorar um pouco até chegares ao nivel do spok =D
At 10:25 da tarde, ana vicente said…
Caro anonymous, antes de mais, não faças confusão com as anas... quem escreve agora é a vicente (do naperon) e a outra ana (do comentário anterior) é o da bloga dela, cujo link encontrarás aqui ao lado. Digo-te ainda que, para conversas sérias, há que ter um nome (aqui, bem poderá ser falso, mas é melhor que nada). Corres o risco de te chamar Dr.Coração de Manteiga.
Não sei se corro riscos em tornar as minhas orelhas pontiagudas, mas talvez não me tenha feito entender como gostaria. O meu post não é um ataque ao sentir, mas antes à dificuldade em digerir esse sentir. A maior parte de nós não domina o vocabulário das emoções e a maior parte das vezes nem sequer sabemos olhar para o que sentimos. Há muita gente também que, nesse não saber olhar, não consegue olhar os outros nem os vê. E muitas coisas se vão fazendo como se fosse porque assim se sente, sem mais nenhuma razão.
Por outro lado, se souber o que sinto posso fazer algo com esse sentir, mas assumo as consequências porque estabeleci uma relação emocional/racional com essas emoções. Tentamos fazer o melhor que podemos, não é? Mas às vezes não tentamos o suficiente.
Ana, compreendo bem o que escreves. Não me referia de imediato a isso no meu post, mas acho que tens razão - é muito difícil lidar com o desespero alheio. Pela impotência que sentimos e pela crueldade de que por vezes essas pessoas são capazes, como dizes. Acredito
que, no desespero, se faz muita merda. Mas acredito também que isso não serve de desculpa para nada. Isto é, não é que seja "imperdoável" um acto cruel em desespero, mas esse acto tem um preço que deve ser assumido sempre. Assumido por quem o comete. O que vejo é que se justifica tudo com o sentir, como se assim tudo estivesse compreendido e apagado. Não estava em mim, não é o que se diz? Então pegue-se no que nos tomou e faça-se alguma coisa com isso. Mas isso é o que diz o nosso Dr.Coração de Manteiga, como podemos ajudar alguém que não quer ser ajudado? Como podemos compreender alguém que não se quer compreender?
At 10:44 da manhã, Anónimo said…
Melhor? ;)
Entonces... 1º - Desculpa a confusão... mas o tempo e os olhares indiscretos ao meu monitor não jogam a meu favor e pensei que o comentário era teu.
COncordo na parte de assumir o que fizemos, seja lá qual tenha sido a razão. Mas não é só a sentimentos. Aplica-se a tudo! Hoje a culpa é sempre do outro, é raro ouvir alguém dizer "a culpa é minha, desculpa". Quanto ao spok, just kiding =D
Realmente sou um coração de manteiga, e sim, conheces-me (mas não ias lá por nome) e gosto de falar de coisas sérias a brincar. Gostei do blog (que apanhei atraves do blog do blog do blog da tia da jaquina) e axo que é 3ª vez que comento. (desculpa a desordem no discurso, mas a esta hora ainda não acordei)
At 11:22 da manhã, ana vicente said…
Lembrei-me desta canção...
E o Mundo não se Acabou (2000)
Assis Valente
Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar
Por causa disto a minha gente lá em casa começou a rezar
Até disseram que o sol ia nascer antes da madrugada
Por causa disto nesta noite lá no morro não se fez batucada
Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora fui tratando de aproveitar
Beijei a boca de quem não devia
Peguei na mão de quem não conhecia
Dancei um samba em traje de maiô
E o tal do mundo não se acabou
Peguei um gajo com quem não me dava
E perdoei a sua ingratidão
E festejando o acontecimento
Gastei com ele mais de quinhentão
Agora soube que o gajo anda
Dizendo coisa que não se passou
Ih, vai ter barulho e vai ter confusão
Porque o mundo não se acabou
Lá está. Podemos fazer as coisas porque achamos que o mundo vai acabar, mas é provável que não acabe. E depois cá ficamos nós com a merda toda que fizémos.
P.S. já não preciso chegar lá pelo nome. Agora és o Dr.Coração de Manteiga, eheh.
At 12:24 da tarde, Anónimo said…
EU não faço as coisas pq o mundo acaba... mas sim pq gosto de viver o dia a dia! Não sei o dia de amanha, e o de ontem já passou, vivo o de hoje o melhor que posso!
Kero mais, mas adoro o que tenho. Um genero de carpe diem, estilo Drº C. manteiga =D
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