Ainda sobre influência (post fanático, lamento)
Desde o Enguiço, em que a Calcanhotto usava uma inacreditável cabeleira amarela e umas roupas berrantes, ainda bem longe da sofisticação que tem apurado nos últimos discos, até o Cantada, expoente máximo da inteligência desta mulher, fui ouvindo estas canções que me atravessam.
Ouvindo-a, na perfeição da voz com as palavras, lembrei-me desta nossa recente conversa, aqui mesmo em baixo. Pois se há coisa, criação, arte, que se funde na minha vida como verdade orientadora das minhas emoções são as canções da Calcanhotto. Há, pois, outros brasileiros, todos eles brilhantes, luminosos e irresistíveis, mas nenhum diz a verdade como a Calcanhotto. Foram a banda sonora da minha cabeça, da casa, das minhas emoções, em todas as relações, em todos os vazios, em todos os momentos. Foram a voz. Plagiei-as, usei-as, degustei-as, encharquei-me delas como se fossem alcóol. São minhas até ao último verso, em cada batida.
Foram o meu ensinamento do amor, antes sequer de saber o que isso era. Disseram-me da paixão, da desilusão, do fim, do sexo, do tempo, do riso. Disseram-me tudo.
Por isso, agora posso dizer que a criação só funciona com reconhecimento. Foi preciso ouvir tudo de seguida para me lembrar.
1 Comments:
At 6:00 da tarde, ana vicente said…
Só para descansar algumas pessoas que pudessem estar agitadas: no entretanto fui comprar o "Maritmo" e "A fábrica do poema" que me faltavam.
Agora é TUDO MEU!
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