Um homem da Biologia
O autor, um tal de Levi Guerra médico e professor universitário, escreve sobre um artigo de Mario Vargas Llosa, publicado no El Pais. Apresentando o seu ponto de vista como "médico", "homem da biologia" e "pai e avô", o nosso cronista aproveita para nos apresentar uma visão sobre a homossexualidade e os casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Gostaria muito que linkassem no tal artigo de opinião, o lessem e, se a vossa consciência assim vos exigir, enviassem um comentário, opção que o jornal disponibiliza, em letras minúsculas no fim do artigo. É que como "médico" e "homem da biologia" este senhor precisava de um bom enxovalho público.
No entretanto, deixo-vos algumas preciosidades para se entreterem.
"E olho o mundo, como é e como foi, e reflicto no como virá a ser, sem pretender ser profeta que para tal não tenho missão."
"Não, no reino dos seres vivos mais diferenciados a homosexualidade não existe nessas espécies tal como se quer defender como normal se isso se passa entre homens, ou entre mulheres."
"Que tribus aí se descobriram já onde se tenha praticado a homosexualidade? E nos haréns? Aí sempre houve mulheres de sobra, não “aproveitadas”, e foi que se entretiveram em jogos homosexuais entre si para seu gáudio e forma de estar? Nunca ouvi tal. E houve aí, nas civilizações que nos precederam, haréns de homens? Onde califas “machos” tivessem preferido homens a mulheres para os seus “deleites” eróticos? Onde?"
"(...) perante um seu doente que se lhes vai queixar das suas tendências homosexuais evitam naturalmente rotulá-los de doentes, mas antes ajudá-los a tentarem identificarem donde terá vindo, ou quando terá surgido, tal tendência, e apaziguam-nos, e não me parece que não tentem, até onde se imponha a prudência e o realismo clínico da situação, estimulá-los a preferirem a heterosexualidade. Dir-me-ão, por certo, que isso já se não faz muito, porque não dá sucesso, o mesmo é dizer que é incurável. Seja isso, não discuto, como não discuto a incurabilidade doutras doenças. Mas o que não deixo é de dizer que a homosexualidade é uma doença do foro psiquiátrico."
"O que é doença é doença. Quem é doente procura legitimamente auxílio médico e recorre, se necessário, à solidariedade social que os deve apoiar. Não os homosexuais? Ah! Se quiséssemos explorar este capítulo, onde chegaríamos? Não vou por aí."
"Não venha o Senhor Llosa , ou outros Prémios Nóbeis quaisquer –e que hoje já tão desacreditados estão…- defender que se dê aos pares homosexuais os mesmos estatutos que à Família donde eu nasci, e penso que ele também, com um Pai e uma Mãe."
Precioso, hein?
Termina com um simpático e caloroso "A vós, leitores, o juízo."
Ai, o meu juízo, o juizinho que me falta para acrescentar ainda isto:
- Será que ele está mesmo a falar de homossexualidade? É porque tira-lhe sempre um "s".
- O que nos distingue dos animais sempre pensei que fosse a inteligência. Mas o dr.Estranho Amor parece não usar muito a sua.
- Já ouvi dizer que há animais que se prestam a actos homossexuais. Mas que sei eu? Eu não sou uma "gaja da biologia" e bem sabem que gosto deles é à distância.
- O amor entre pessoas do mesmo sexo é documentado e relatado há... pffff, nem consigo contar pelos dedos. Mas os manuais de Antropologia do dr.Levi (mas não levo) Guerra não fazem menção a quaisquer tribus (?) que tenham levado.
- Até me revolve o estômago pensar em todas aquelas mulheres do hárem não "aproveitadas". Jogariam às cartas ao menos?
- Um tal de Telmo, concorrente do Big Brother, disse uma vez que "a homossexualidade não é uma doença", porque ele achava que tinha "cura". Já o nosso dr. acredita no contrário. Para aqui vai dar o mesmo, não fosse dar-se o caso de o primeiro ser um "pobre coitado" de quem a malta se ri e o segundo ser um douto professor, com espaço de opinião e tudo.
- Se ao menos os homossexuais tivessem a cortesia, quem sabe até a humildade, de reconhecerem a sua "anormalidade" e procurassem a "solidariedade social", quem sabe não haveria "esperança" ou mesmo "salvação"? Pois, é melhor não entrarmos por aí.
- Se, com os estatutos da Família, vem incluída a estupidez, a ignorância e a imbecilidade do dr."pai e avô", então não, obrigada, deixe lá estar, fica para a próxima.
Precioso, sem dúvida. Não calem o dr. por favor, para que todos possamos revoltar-nos, para que não nos tranquilizemos na nossa "normalidade" e tomá-la como garantida. Deixem-no falar sobre essa causa, para que a sua cova seja tão funda como o verdadeiro amor. Deixem-no enterrar-se para que floresça enfim o direito de amar em pleno.
Juizinho, leitores do Naperon...
P.S. Por favor, corrijam-me se estiver errada, mas o Mario Vargas Llosa nunca ganhou nenhum Nobel (é tratado como o eterno nomeado). Aqui, nada consta, mas se calhar o site oficial do Prémio Nobel não está actualizado. Como não leio jornais, não quero acusar o nosso dr. de mais uma tamanha calinada.
P.S.2 Estou a escrever este post pela segunda vez. Da primeira, o blogspot censurou-o. Suponho que haja um limite de estupidez a incluir em cada post e eu excedi claramente o deste com tanta transcrição. No Primeiro de Janeiro ainda não têm este software...
2 Comments:
At 1:53 da tarde, ana said…
pensamentos desses fazem-me ter pena de quem os tem!
é que, sinceramente, com tanto problema que o mundo tem o homem vai preocupar-se em catalogar o amor entre as suas formas "correctas" e as suas formas "incorrectas"? ele que o viva e deixe viver!
At 5:09 da tarde, Anónimo said…
Axo que é daqueles textos que me faz lembrar sempre a euronews...
"No comment"
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