Em jeito de homenagem
Ontem à noite, soubémos mais uma vez. E lembrei-me então do bairro da Ajuda, do papagaio, da Praia Verde, das touradas no segundo canal, das histórias da Mobil, das suecas em que eles, os nossos avós, batiam com a mão na mesa com a certeza da vitória, lembrei-me do Natal. Lembrei-me de um carro, que me aparece cor de ferrugem na memória, mas como hei-de ter a certeza? Seria um datsun? Lembrei-me de nós todos juntos, pequenos a acreditar que eles sempre estariam connosco.
Lembrei-me de como eles já foram jovens e que nós sempre os achámos "velhos". Pensei no amor que se constrói durante uma vida e que se perpetua nos filhos, nos netos e nos bisnetos.
Hoje sei que, na minha família, há alguém que perde pela primeira vez um pai. Que há crianças que experimentarão pela primeira vez a ausência. E, nessa dor, há um pouco de nós que também morre. Hoje queria apenas deixar uma palavra de alento para aqueles miúdos, que nós fomos, para estes adultos que somos agora e para os que sempre me acompanharam e que amo.
É apenas isso, um grande abraço.
1 Comments:
At 11:44 da manhã, Anónimo said…
Vou sentir a tua falta avô.
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