Haja sempre Lisboa ao fim da tarde. As pessoas no chiado. Que bom vê-las passar. A cidade, esta cidade, cujos dias me roubam lá no Parque das Nações, visão bonita mas bem mortiça de Lisboa. Haja sempre estes dias livres, estes dias úteis em que podemos assistir ao tempo passar na vida diferente de todas as pessoas do mundo, que estão ali mesmo à mão. Haja a vida desta Lisboa tão bela, tão imperfeita, tão repleta, cantos e recantos. Haja a visão, haja a gente bonita a passar, a gente vulgar a passar, os indigentes a passar. Haja a loucura e a salvação. Haja o Camões. Haja o encontro acidental. Haja a gargalhada, o eléctrico entalado, haja a desordem instalada. Haja a
rua do carmo, meninas bonitas, descendo o chiado, olha como é a rua do carmo. Haja a Fnac e comprar o cd perfeito. Haja o chá e a cultura do chá. Haja a alegria. Haja o sms. Haja a saudade e o sentido de pertença. Haja a vontade e o regressar a casa e fazer o jantar às dez. Haja o naperon. Haja Lisboa, que me faz sentir rainha, que me faz sentir em casa. Haja o trajecto perfeito. O pensamento certo, as mais completas emoções.
E então haverá também esta certeza que eu te pertenço de um modo só nosso. Lisboa em mim.
2 Comments:
At 1:31 da manhã, jctp said…
Chamar-te a ti, Lisboa, camarada,
e depois, eu sei lá, enlouquecer.
Que a loucura é quase um grão de nada
e tu tens um nome de mulher.
Ou dizer que és a minha namorada.
Devagar. Não vá alguém saber
que fizemos amor de madrugada
e tu trazes um filho por nascer.
Se eu inventar de noite a liberdade
de poder beijar-te os olhos e morrer,
no teu ventre não há fado nem saudade
mas apenas os filhos que eu fizer.
E poder ser que eu guarde a tempestade
de ter que aqui ficar. E então dizer
que sobre a minha boca ninguém há-de
pôr rosas de silêncio, se eu quiser.
(Joaquim Pessoa)
At 11:45 da manhã, Anónimo said…
Haja as amigas do coração.
Sandera
(Também gostei muito do lanche!)
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