Todos os meses, no dia 13, o Naperon lança-vos um desafio: escreverem o que quiserem sobre um tema proposto por nós - o Conversa a 13. Aceitaremos apenas 13 comentários, por isso terão de se apressar. Durante o mês, o post Conversa a 13 ficará sempre na primeira página do nosso blog para que todos os 13 possam participar.
Vá, ponham-se à conversa.
Desta vez o tema é:
Tentações.
Sintam-se mais que tentados em comentar.
Agradecemos desde já a vossa disponibilidade.
7 Comments:
At 1:45 da tarde, Anónimo said…
Eu, voltei a cair…
Mas desta vez, levanto os olhos em direcção ao céu, e como que em jeito de prece, semicerro os dentes e digo para mim mesma, num tom inaudível, mas que aos meus ouvidos parecem gritos agudos e cegos de tão lúcidos: “Nunca mais. Nunca mais volto a cair. Desta vez foi a ultima vez que… caí em tentação!”
Num ápice ergo-me, ainda ébria de mim mesma, sem conseguir tocar-me, olhar-me nem cheirar-me. Na boca um travo salgado e ao mesmo tempo doce de quem engoliu muitas lágrimas misturadas com ilusões que trouxeram decepções.
Num cambalear que se poderia assemelhar a uma dança, rumo a parte incerta.
Esboço a expressão mais parecida com um sorriso, a que chamo de “sorrisar” ( meio a sorrir, meio a sonhar ) e vou, sem olhar para trás.
Parto e prefiro pensar que, nesta caminhada, me elevo e olho para baixo.
beijitos da fati
At 5:19 da tarde, Sam said…
Não é bem pôr-me à conversa mas este assunto é tema de uma música de que gosto imenso e, por isso, queria deixar aqui a letra (por vezes parece inglês mas é calão americano).
I know you see me watching you
And I see you watching me
Cuz boy your body's callin'
The temptation is killin' me
I'm chillin' at the spot and my posse's 4 deep
Had my man on my mind, turn my head, what did I see
The fellas lookin' fly, there was one that caught my eye
So I bit my lip, switched my hips as I walked by
Sayin' "Sexy boy, you so fly
I just might give you a try
I'ma write yo' number in the palm of my hand
Oops, I forgot I got a man"
I'm thinkin' to myself, should I even take the chance?
Should I do what's on my mind or should I stay down with my man?
This boy here got me fiendin' and I'm wantin' him so bad
Should I chill when I'm with him
and risk everything I have
Saying "Sexy boy, you so fly
I wish I could give you a try
But my man's at home waiting for me by the phone
Sorry, can't get my groove on"
Temptation is callin'
I be wantin' you so bad I could cry
Relationship's callin' me
To do what's wrong, but I gotta do right
[«Temptations», Destiny's Child]
At 4:15 da manhã, João Manso said…
Estou tentado a dizer: força benfica, vamos a eles!
Temptations também é um nome de uma música de tom waits. depois a diana krall fez uma versão e agora o durão barroso está a pensar fazer outra. Muita gente não sabe, mas ele é um grande fã do tom.
At 10:21 da manhã, Anónimo said…
"Consigo resistir a tudo menos à tentação" a frase é de oscar wilde. Eu não diria melhor.
At 12:41 da tarde, Anónimo said…
O que hoje em dia me perturba na palavra tentação é que a associo ao mal. Não no sentido em que a tentação seja o mal mas na medida em que o mal hoje me aparece como tentador. Eu sei que o tema é tentação, mas a propósito de tentação eu queria mesmo era falar do mal. Sempre me intrigou naquela oração que, de acordo com alguns Evangelhos, Jesus ensinou, e que é mundialmente famosa como o Pai Nosso, a relação estreita, na versão de Mateus, entre a tentação e o mal ("e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal"). A interpretação habitual suponho que seja aquela que nos manda ter cuidado com as tentações, é tentação tudo o que nos afasta de Deus, a tentação é o mal, a própria palavra tem na nossa cultura um peso negativo, e mesmo quando é usado pela positiva é-o sempre num sentido subversivo (perverso?) e nunca de forma natural. Mas a relação entre tentação e mal parece-me funcionar ao contrário. Não é a tentação que é um mal, o mal é que é tentador. Embora também isto se possa inverter subversivamente dizendo que o mal afinal é um bem. (Deixa-nos cair em tentação e livra-nos do bem?). Como a subversão pode ser bastante perversa, a melhor forma de se ser subversivo ainda é subverter a subversão. Mas voltemos à tentação do mal. Tendemos a associar o bem com o prazer e a ver no mal um desvio doentio. If it makes you happy, it can’t be that bad, diz uma canção da sheryl crow. Ora, isto não é necessariamente assim. É preciso não separar o mal do prazer, do gozo, mesmo que perverso. O mal acaba muitas vezes por criar uma certa vertigem, por tomar conta de nós. Por isso ele é uma tentação. Tal como no sexo, que é a coisa a que, na nossa cultura, imediatamente associamos a palavra tentação, também o mal toma conta de nós, também no mal uma força superior a nós parece governar-nos e dirigir-nos a seu bel-prazer. Porque o mal toma conta de nós, tenta-nos constantemente, e quando nos deixamos cair já não somos nós que agimos, é ele que nos age, é ele que age através de nós. Como adverte Baudelaire: "A maior manha do diabo é a de nos convencer que não existe" e assim convencer-nos que somos livres e absolutamente autónomos e que só fazemos o que queremos e por isso devemos querer o que fazemos. E que portanto quem pratica o mal escolheu o mal e quem pratica o bem sabe perfeitamente o que está a fazer, não há perigo de confusão entre os dois, é tudo muito claro, somos criaturas racionais, eu sei o que é o bem, logo estou salvo do mal, um e outro não se confundem, não é possível fazer o mal imaginando que estou a fazer o bem nem o contrário, é tudo claro como a água e cada um se cose com as linhas que quer e não sei que mais. Ora não é assim. Não compreenderemos nada do mal se o separarmos do prazer (ainda que perverso) e da tentação. Apetece dizer que o mal é um pouco como a droga se não fosse bom ninguém lhe tocava e seríamos imunes às suas tentações e aos seus chamamentos, mas tal como as drogas ele dá outras coisas, leva-nos para outros domínios, abre-nos novas portas, é verdade que também nos destrói, mas é o preço que temos que pagar por vender a alma ao Diabo. E muita gente acha que o preço nem é muito alto, tendo em conta as vantagens proporcionadas pelo demoníaco contrato. Freud escreve algures que acredita que um determinado grupo humano possa viver em absoluta paz e amor entre si, desde que tenha outro grupo humano ao lado a quem possa odiar. Por outras palavras, o mal é parte de nós, está dentro de nós – se Deus está dentro de nós, o Diabo também está – e precisa de ser exorcizado, daí a necessidade de ter a quem odiar para poder ter a quem amar. Mas mesmo isto é demasiado simples. A verdade é que estamos em contínuo perigo de tentação e de salvação, ao mesmo tempo (assim um pouco como o Jesus do Nikos Kazantzaki que depois o Scorsese transformou em filme), procuramos o bem da mesma forma e ao mesmo tempo em que resistimos ao mal. Talvez Deus seja apenas isso, esse espaço que nos separa do mundo e nos permite meditar.
At 6:52 da tarde, JFC said…
Eu diz: só tem dois tentações, o esquerda e o direita!
At 8:18 da tarde, Anónimo said…
Não há tentações!! Há sim a VONTADE de fazer coisas, boas ou más, aceites ou consideradas desviantes.
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