naperon

Duas boas amigas juntam-se para desarrumar os bibelots.

sexta-feira, junho 17, 2005

O rosto do mal

Depois de:
- sermos manipulados com esta história do pseudo-arrastão, em que 500 pessoas passam para 40;
- o Governo Civil de Lisboa ter autorizado uma manifestação supostamente contra a criminalidade, mas verdadeiramente anti-imigração e de extrema-direita, para amanhã às 14h no Martim Moniz, como confirma o Público;
- portugueses em Inglaterra terem sofrido represálias por um crime alegadamente cometido por um português, também no Público;
- de ter assistido ontem à leitura encenada da peça "Praça dos Heróis" (Heldenplatz), de Thomas Bernhard, que, genericamente, fala de como o Nazismo ainda está vivo na Áustria;
- ter encontrado uma barata em minha casa.

Depois de tudo isto, sinto-me contaminada. Vivemos contaminados pelo mal e pela estupidez. Temos de ocupar o nosso lado.

O meu é o da vida e da liberdade. Isso dá-me esperança e ainda, espero sempre, alegria.

3 Comments:

  • At 5:17 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    ah pois é!! Estamos tão contaminados que já nem podemos falar com liberdade! até parece que todos estão com receio de cada um de nos e das palavras que pronunciamos: não se pode dizer "Preto" por que então ès racista... "Gosto de crianças" por que então ès pedófilo... "esse gajo é bonito" por que então ès gay (pouco me importava..)

    Ontem, na Assambleia da República, um deputado do CDS provocou uma grande confussão por tentar por em mesa de discussão o tema do "arrastrão", e logo ouví a uma diputada de algum partido de esquerda a cupa-lo de xenófobo.

    Eu não ouvi o debate inteiro, nem ouví as palavras que o tal diputado do CDS utilizou no inicio pelo que corro o risco de estar enganado, mas fiquei com a impressão de que estamos a ver coisas onde elas não existem...

    Kardo

     
  • At 5:36 da tarde, Blogger ana vicente said…

    Concordo contigo. De certeza que estamos a ver coisas onde elas não existem, desde 500 pessoas a atravessar uma praia, até associar uma comunidade inteira a um crime, até a julgar um deputado de xenófobo... é essa a manipulação que estamos a sofrer.

    Mas a questão aqui e penso que terá sido isso a indignar a deputada de esquerda (embora não tenha visto), é que a utilização da palavra "arrastão" foi desde o início mal utilizada e alguém com responsabilidades não deve fomentá-la. Não se tratou de nenhum arrastão, tratou-se de um assalto, que deve obviamente ser punido, mas sem as desonestas associações que têm sido feitas. Na Assembleia, deve falar-se sobre ele, principalmente naquilo que parece estar a afectar na nossa sociedade. O medo sempre foi o nosso maior inimigo e mostra-nos agora numa face que preferia não ver na minha cidade.

    Acho que estamos contaminados desde sempre, não é? Há coisas que não conseguimos matar, como um ataque nuclear não mataria as baratas. O mal, a estupidez, estão em nós - precisamos sabé-lo, precisamos vê-lo, precisamos estar atentos.

    Exactamente para sermos livres.

     
  • At 9:04 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    O problema não é nunca o Governo Civil autorizar uma manifestação. Até haver violência, estamos no campo da liberdade de expressão.

    Mesmo havendo violência (como aparentemente houve, mas pouca), não contraria o que disse acima.

     

Enviar um comentário

<< Home