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Duas boas amigas juntam-se para desarrumar os bibelots.

quarta-feira, agosto 10, 2005

As candidaturas - inspira, expira

Há um episódio do Seinfeld em que ele fala como é difícil fazer novos amigos quando se é adulto (ele diz depois dos 30, mas para aqui é irrelevante). Quando somos pequenos, basta termos em comum gostarmos de sumo, mas em adultos dizemos tu pareces ser uma pessoa porreira, mas neste momento não estamos a aceitar candidaturas, estamos cheios.

We're stuck with the friends we have. Fazemos as coisas com eles.

Gosto de apanhar ar, preciso de respirar cá fora, pois muitas vezes corro o risco de asfixiar. Desenvolvi nos últimos anos asma emocional - quando vêm muito para cima de mim, o ar começa a faltar-me. Apanho ar com as pessoas. Asfixio com as pessoas. É uma contradição permanente.

Vou aceitando as candidaturas para logo em seguida ser (outra vez) como o Seinfeld noutro episódio, em que a Elaine lhe diz acerca de um novo namorado tens de conhecê-lo, vais mesmo gostar dele. Ao que o Jerry responde: por que é que as pessoas me dizem sempre isso, vais gostar dele? Eu odeio toda a gente.

Gosto de pessoas. Mas tenho tendência para me fechar. E depois asfixiam-me. Vou respirar, mas deparo-me com a dificuldade de haver candidaturas abertas. Sou persistente e podem tomar-me como insistente ou sempre disponível, o que dado o meu problema de asma, não é verdade.

Vai daí, viro-me para o lado e digo vamos apanhar ar? e quando a outra pessoa diz que sim, que bom que é. Aí está um amigo.

9 Comments:

  • At 1:44 da tarde, Blogger ana said…

    gostei muito da honestidade deste post.

     
  • At 1:52 da tarde, Blogger ana said…

    tens insónias? ;-)

     
  • At 2:44 da tarde, Blogger ana vicente said…

    Ora aí está um bom paralelismo... desde que comecei a morar sozinha, comecei a ter muitos mais problemas em adormecer.
    Depois, a minha prima veio morar para minha casa e melhorei. Agora que está de férias, demoro mais tempo a adormecer.

    Obrigada pelo elogio.
    O post é honesto, mas ao relê-lo acho que está um bocado enrolado (pescadinha de rabo na boca) e pouco entendível. Será?

    pedimos desculpa a estes senhores que tentam resolver os nossos problemas de insónia e que querem tirar-nos fotos de casamento, mas fechámos as candidaturas.

     
  • At 2:49 da tarde, Blogger ana said…

    tá enroladito, mas penso que entendível (como sabê-lo?)

    e agora espaço para frases feiras: as coisas mais honestas se calhar têm mesmo que ser enroladas. não somos quânticos.

     
  • At 11:31 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Mas como é que se apanha ar? Eu já tentei, mas ele escapa-me sempre das mãos. Mas um dia, um dia...

     
  • At 11:43 da tarde, Blogger ana vicente said…

    Acho que o que quero dizer com apanhar ar é ver pessoas novas sem preconceitos. Não quer dizer gostar delas só por serem novas. É simplesmente olhá-las pela primeira vez. E ser olhada pela primeira vez.
    Apanhar ar é isso mesmo. É estar livre do familiar, do conhecido. Podemos ser surpreendidos todos os dias por alguém com quem passamos muito tempo e que conhecemos de ginjeira. Isso também pode ser refrescante.

    Não sei, é difícil. É disso que fala o Seinfeld, à maneira dele. Mas é bom se, do outro lado, a isso também estiverem dispostos. Mas é preciso estar leve, nem que seja no primeiro instante. É estar sem pressão alguma.

     
  • At 11:48 da manhã, Blogger ana said…

    acho que o nível de pressão que se sentes depende muito de pessoa para pessoa, e nessa pessoa de instante para instante

    acho que o que queres dizer é que nem sempre é claro a tal frase tua (não sei se era bem assim, mas...) "o que queres de mim?, pode ser, vem cá" (que é valido para qq relação amorosa ou outra)

    e se calhar podes ter medo de não estares disponível para dar o que a outra pessoa pode querer, ou da outra pensar que tu queres uma coisa que ela não está disposto a dar.

    estas coisas de aproximações e afastamento tem muitos riscos, por isso é que cada vez mais as pessoas se escondem por detrás da máscara de "eu? eu cá sou muita cool, não preciso assim tanto dos outros" ou "não? eu não quero isso do outro, já tenho que me chegue"

    e talvez seja por isto, por este rol de defesas que não fazemos amigos depois dos 30, isto, e pq, claro, a puta da vida deixa pouco tempo pra nós e o tempo que temos queremos partilhar os bons velhos amigos.

    falta de tempo e cobardia, será esse o motivo?

     
  • At 12:24 da tarde, Blogger ana vicente said…

    Aprendi imenso com pessoas com coragem. Aprendi que sem coragem não se chega a lado nenhum e na verdade não temos nada a perder, só a ganhar. Há que lidar com a rejeição, da mesma forma que há que lidar com a existência de pessoas que gostam de nós.

    É difícil para as pessoas aceitarem isso - que há quem as queira e há quem as não queira. Normalmente não bate certo. Mas há que enfrentar essas coisas com coragem. Foi isso que aprendi e já não me deixo toldar pelo medo, ou pelo menos tento.

    Agora ainda mais honesta: tive a sorte de encontrar pessoas com coragem, mas ultimamente tenho-me deparado com muita gente sem coragem nenhuma. Coragem de dizer o que é que queres de mim? coragem de dizer o que querem de mim. Isso deixa-me cansada. Há demasiados jogos, quem faz a jogada seguinte, quem dá o braço a torcer... é demasiado. Honestidade... pronto!

    O teu comment bateu-me, ana.

     
  • At 2:15 da tarde, Blogger ana said…

    "É difícil para as pessoas aceitarem isso - que há quem as queira e há quem as não queira."
    é isto mesmo!

    porque não sabem bem o valor que têm e dependem da estima dos outros para construirem imagem de si?

    acho queestá tudo ligado: falta de auto-estima com falta de coragem, falta de coragem com falta de honestidade

    e a solução está à mão: começando a ser corajoso começa-se a olhar com mais respeito para a imagem do espelho, etc etc

    e acredito que deves andar por aí a influenciar muita gente a mostrar que ser honesto não doi assim tanto, e vale a pena.

    pisco-te o olho.

     

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