naperon

Duas boas amigas juntam-se para desarrumar os bibelots.

terça-feira, maio 31, 2005

You've got old mail!

A crescer, nos anos belos da adolescência e até um pouco depois, fui uma pessoa de guardar. Guardava tudo e mais alguma coisa. Bilhetes de cinema, folhinhas, papéis, objectos guardados de momentos inesquecíveis (dos quais não guardava qualquer recordação momentos depois), recortes de jornal... coisas e coisas. Depois, deixei-me disso. Comecei a guardar menos, mas mesmo assim ainda tinha a carteira cheia de papelinhos ininteligíveis para o comum dos mortais, incluindo eu mesma.

Na era dos emails, voltou-me essa coisa de guardar. Primeiro os emails para e das pessoas que estavam longe, depois os de amor, depois os sérios e profundos... tudo e mais alguma coisa, lá está.

Deixei-me disso ultimamente. Agora não guardo nada, tudo se apaga. Palavras leva-as o vento, ou algo do género. E coisas, ainda menos. Ontem, a limpar ainda resquícios de hábitos antigos, deparei-me com um email de Novembro de 2002. O horror, o horror. Não há nada pior do que seres confrontado de surpresa com uma realidade esquecida, quase banida do teu quotidiano. Uma coisa é quando a pessoa vai à procura das coisas para sofrer, por puro masoquismo, outra completamente diferente é quando é surpreendida assim. Não há direito.

É por isso que acredito verdadeiramente que não devemos guardar nada do passado. Se está encerrado, guarde-se numa caixa que não se volta a abrir ou então deite-se mesmo tudo fora. Tudo o que guardamos, por exemplo de relações antigas, é para esquecer. Destrua-se. Nós sabemos que iremos ser bombardeados pelo mundo com reminiscências (músicas, filmes, cheiros, cães a ladrar, o que for...), para quê então guardar cartas, fotos escandalosas, anéis, prendas... para quê manter as coisas visíveis se as podemos simplesmente pôr de lado. Não estou a apelar ao esquecimento, ao delete completo, estou simplesmente a dizer que há coisas que nos estagnam e é bom que as larguemos.

Eu não sou muito dada a isso mas até o feng-shui o diz. Liberte o seu espaço de energias estagnadas. E a verdade é que não é só espaço, é o tempo, é a mente, é o email, é tudo e tudo.

Antes pensava que era difícil deitar coisas fora. Mas não há nada mais fácil, garanto. E é uma pura limpeza. E, de repente, a vida torna-se realmente presente e futuro.

1 Comments:

  • At 1:08 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Eu não consigo! Eu guardo... e custa-me deitar fora... Mas de vez em quando lá me dedico e esvazio armários ou gavetas... mas continuo a guardar. Sempre que deito fora alguma coisa que guardava há muito, já me aconteceu mais que uma vez lembrar-me que queria o que já é lixo... E odeio a sensação. Mas como gosto de rever, de vez em quando o que guardo não corro o risco de ninhos de porcaria... vou fazendo uma espécie de refresh, mas nunca me livro de tudo... não consigo. Um dia hei-de conseguir! Até tenho ponderado bastante sobre a minha mudança, vou adorar rever as coisas, fazer novos refreshes e quem sabe... despir-me de tudo o que não é necessário... ou quase tudo, porque afinal de contas, a casa da mãe vai ficar vazia demais e por isso podemos deixar lá umas coisinhas :D

    a.m.

     

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